segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

E era uma lâmpada

Há uns dias atrás, eu cheguei a casa, acendi as luzes, e tive a mesma sensação estranha que me arrepiava em alguns sonhos: reparei que elas não estavam propriamente acesas. A sua luz era baixinha, verde e vacilante. De repente, uma lâmpada fundiu. Havia uma janela aberta num quarto do fundo e o nevoeiro avançava para dentro de casa, transportando consigo um cheiro a pântano. Ouvi atrás de mim um tic, tic, tic. Olhei e era outra lâmpada. Mas alguma coisa nela parecia mexer-se. Aproximei-me, e estava, lá dentro, a cirandar freneticamente, um aranhiço patudo. "Detesto estes bichos", pensei. Desatarrachei a lâmpada e as outras todas voltaram à normalidade. Com a lâmpada apagada na mão, senti-me no direito de fazer perguntas. "Quem és?", inquiri. Dentro da lâmpada, a aranha mexeu e eu ouvi, baixinho:
- Sou Edison.
- Mas que disparate! - Bradei.
- Thomas Edison. - insistiu a criatura.
- Pois eu não acredito na reincarnação de génios em aranhas!
- Eu sou o génio da lâmpada e posso realizar três...
- Que tolice - interrompi - eu nem acredito nessas coisas!
Um bocado farto daquela cena, e com pouca vontade que se repetisse, dei a lâmpada ao meu vizinho, que vê mal e não reparou na aranha. Consta que a colocou na casa de banho e que funciona lindamente.

Sem comentários:

Enviar um comentário