terça-feira, 22 de abril de 2014

e evitar incêndios

A meio de uma viagem longa, parei num café em São Salvador da Aramenha e presenciei uma conversa curiosa entre dois homens barrigudos vestidos com coletes reflectores:
- Uns tantos metros por mês, para cima, assim, como uma palmeira esgrouviada, já dá pelas nuvens!
- Pois é, imagine! Está tão grande que nunca se viu assim!
Como aquilo me estava a intrigar, perguntei do que falavam. «A antena», responderam-me. Eu lembrei-me que tinham disfarçado uma grande antena de emissão de rádio com uma espécie de árvore artificial desaforadamente grande, que fazia as outras árvores parecerem arbustos rasteiros.
- Quem a viu! E quem a vê! Vá-se lá saber como, continua a subir!
Ao olhar para a porta do café, descobri, num anúncio afixado, que a Freguesia estava a recrutar voluntários para limpar mato da montanha, numa iniciativa que parecia ter como intenção retirar algumas pessoas da pasmaceira e evitar incêndios. Mas havia algo de esquisito no anúncio. Alguém tinha apagado letras do aviso "Procuram-se voluntários" e ficou "Procuram-se otários". O otário que parecia mais ajuizado disse ainda:
- E sabe que há uma luz vermelha a brilhar no topo da árvore?
«É da antena», pensei. O outro retorquiu, muito sério:
- Foram os tipos da MEO que a trouxeram de Belém de propósito.