quinta-feira, 12 de julho de 2012

parquímetros de uma rua próxima

Na medida do meu ócio, tenho seguido a actividade relacionada com parquímetros de uma rua próxima daqui. De vez em quando vejo o senhor Aquiles: um velho mendigo, famoso por enfiar as mãos nas caixas de correio e gritar por socorro. Nada nem ninguém quer comer as mãos do senhor Aquiles, mas ele continua a fazer aquela cena. Como os tempos estão difíceis, tenho visto este homem a meter a mão no dispensador de trocos dos parquímetros. Uma vez vi-o a berrar ao tirar a mão do parquímetro com uma tartaruga pendurada no dedo. As tartarugas mordem, toda a gente sabe. Mas nem toda a gente sabe que há tartarugas nos parquímetros desta rua. Então eu quis perceber melhor estas ocorrências, e soube que tinham origem nas "corridas paradas" da rua Álvares Cabral. Aparentemente, uma sociedade chamada "O Clube da Lesma", que havia começado por apostar em corridas de lesmas e caracóis, havia criado o seguinte passatempo: cada membro tinha uma tartaruga identificada por um número, e colocava a tartaruga no sítio dos trocos do parquímetro. No final, pesavam as tartarugas. Quanto mais pesadas, mais moedas elas tinham comido. Esperava-se que o vencedor ganhasse quatrocentos euros da aposta mais uns dezasseis euros que a tartaruga teria comido. Para se saber de antemão qual era o valor exacto, fez-se uma radiografia à tartaruga e o resultado foi surpreendente: o pequeno réptil não tinha comido moedas, mas anéis de curso e falanges. Eu gostava de saber quais foram os licenciados em Farmácia que ficaram sem os dedos anelares. Eu sinceramente pensava que as tartarugas domésticas se alimentavam de pequenos camarões secos.

Sem comentários:

Enviar um comentário